Cerca de 120 diretores de unidades de ensino, institutos, museus e órgãos da Universidade participaram, no dia 5 de maio, da Reunião de Dirigentes da USP. Este foi o segundo encontro promovido virtualmente pela Reitoria desde o início do período de isolamento social, decretado pelo governador João Doria, no dia 24 de março, devido à pandemia da covid-19.
A pauta da reunião girou em torno de dois temas: a discussão sobre a retomada das atividades presenciais e a situação orçamentário-financeira da Universidade.
“Estamos vivendo um cenário instável, em que não é possível fazer planejamento em longo prazo. É uma fase de incertezas e não adianta ficarmos ansiosos. Não há previsão quanto ao retorno das aulas e das atividades administrativas presenciais. Ainda não é possível termos diretrizes definidas quanto a isso. Mas é importante frisar mais uma vez, e tenho reiterado isso constantemente, que a Universidade não está parada. Temos grupos de pesquisa atuando intensamente, docentes ministrando aulas remotamente e servidores garantindo as atividades administrativas. A USP está cumprindo sua missão, sem tomar medidas irresponsáveis e sem colocar a saúde de nossa comunidade em risco”, destacou o reitor Vahan Agopyan.
Avanço da epidemia
O professor da Faculdade de Medicina (FM), Esper George Kallás, foi convidado para fazer a apresentação da primeira parte do encontro. Kallás coordena o grupo de trabalho da USP que está sistematizando as diversas ações e pesquisas desenvolvidas pela Universidade para entender e combater a covid-19 e faz parte do Centro de Contingenciamento do Coronavírus, ligado ao Governo de São Paulo.
São Paulo é o Estado brasileiro que tem o maior número de infectados pelo coronavírus e de óbitos causados pela doença. “A principal preocupação é que a epidemia avance mais e supere a nossa capacidade de atendimento no sistema público de saúde”, afirmou Kallás.
Segundo ele, é necessária a ampliação do isolamento social para que se achate a chamada curva epidêmica. Para Kallás, hoje é difícil prever quando será possível a flexibilização do isolamento e a consequente retomada das atividades, já que o avanço da doença entre a população tem se mostrado crescente nos últimos dias.
Sobre uma possível vacina para a covid-19, o professor considera que, a despeito de vários grupos de pesquisa estarem trabalhando nesse sentido no mundo todo, a imunização só estaria licenciada a partir do próximo ano.
Embora sem data definida para a retomada das atividades presenciais, Kallás sugeriu que se estabeleça um protocolo de medidas básicas a serem adotadas, como, por exemplo, a obrigatoriedade da utilização de máscaras e a disponibilização de locais adequados para lavar as mãos, com sabonete líquido e papel toalha, e para a alimentação, com os devidos cuidados de distanciamento entre as pessoas.
Situação financeira
O coordenador da Administração Geral (Codage), Luis Gustavo Nussio, fez a apresentação na segunda etapa da reunião. “A pandemia trouxe alteração no cenário econômico no mundo todo. Com a mesma inexatidão quanto à evolução da doença, temos convivido, nos últimos dias, com imprecisões relacionadas com a situação da arrecadação do ICMS em São Paulo”, considerou o coordenador logo no início de sua fala.
Nussio fez um retrospecto das ações de reequilíbrio financeiro adotadas pela Universidade desde 2014 e que resultaram, em janeiro deste ano, com 75% do comprometimento do orçamento com folha de pagamento, índice que não era atingido há sete anos. Nesse período, a USP chegou a comprometer mais de 100% de seu orçamento com pessoal.
Segundo ele, os repasses do ICMS no primeiro trimestre deste ano foram bem acima da média do que o previsto, mas, em abril, as previsões indicam queda. “As estimativas da equipe técnica do Cruesp é de redução de R$ 490 milhões nos repasses para a USP ao longo de 2020”, disse.
Nussio informou aos dirigentes que, com vistas ao retorno das atividades, está sendo elaborada uma licitação centralizada na Reitoria para a aquisição de insumos, como álcool em gel, máscaras e sabonete líquido, e o estabelecimento de uma nova padronização nos protocolos de limpeza das dependências da Universidade para as empresas terceirizadas.
USP Vida
No encerramento do encontro virtual, o vice-reitor Antonio Carlos Hernandes pediu aos dirigentes para auxiliarem na divulgação do programa USP Vida, que, desde a semana passada, conta com o reforço do primeiro embaixador do projeto, o jogador de futebol Richarlison. “Nossa meta é atingir R$ 10 milhões de doações”, ressaltou Hernandes.
O vice-reitor também anunciou a aquisição e a distribuição de 2.250 kits internet – compostos de um chip para celular ou um modem portátil com interface USB, habilitados para 20 GB e mínimo de 100 horas aulas por mês – aos estudantes de graduação e de pós-graduação com necessidades socioeconômicas e a manutenção dos investimentos relacionados à permanência estudantil. “Tivemos 14% de aumento no orçamento dos recursos destinados a essas ações. Em 2020, só em bolsas e auxílios, estamos investindo R$ 52 milhões”, considerou.
“Apesar de ainda não termos previsão de retomada das aulas presenciais, as Pró-Reitorias estão preparando um protocolo especial a fim de atender às nossas especificidades. Não estou pessimista, porque estamos conseguindo superar os desafios e, principalmente, tendo o apoio da sociedade. Vamos sair fortalecidos desta crise”, concluiu Agopyan.
Informações do Jornal da USP.