Quinta, 24 Novembro 2022 10:50

Discurso do novo governo deve ser de controlar gastos e fazer reformas

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Na coluna Reflexão Econômica desta semana do Jornal da USP, o professor Luciano Nakabashi fala sobre responsabilidade fiscal, ou seja, capacidade de pagamento do governo em relação aos seus deveres com os credores. Segundo Nakabashi, qualquer incerteza em relação a essa questão leva o Brasil a enfrentar desconfianças, afugenta capitais, reduz investimentos, afeta a taxa de câmbio e, também, o consumo das famílias.

 

Para o professor, essa situação é ruim e a questão fiscal é delicada, pois tirar parte dos gastos públicos do teto estabelecido gera dúvida em relação ao comprometimento do governo com o pagamento. Nakabashi diz que as promessas de campanha, que foram muito semelhantes entre os dois candidatos, em relação ao Bolsa Família e ao Imposto de Renda, são importantes, pois é necessário lidar com a questão da pobreza no Brasil, que aumentou nos últimos anos, decorrente dos problemas com o crescimento da economia. Outras questões geram incertezas, diz o professor, “como o nome do ministro da Economia e sua equipe, se a relação entre a dívida pública e o PIB será controlada, se vai haver aumento da carga tributária”.

 

Como solução imediata, Nakabashi diz que o presidente eleito e sua equipe não devem falar contra o controle de gastos, pois os desafios são enormes e a situação pode piorar, gerando mais incertezas; “demonstrar que está preocupado com a questão fiscal, que vai aumentar os gastos por uma questão das promessas eleitorais, mas que em seguida vai tomar medidas para controlar, para que a relação dívida PIB não se torne descontrolada.”

 

Trazer para o governo uma equipe econômica com experiência em lidar com esse problema fiscal também é uma boa opção, segundo Nakabashi. “Uma equipe que saiba que entre as medidas necessárias estão as reformas tributária e administrativa. Dá para aumentar o gasto agora, devido a essas promessas eleitorais, mas mostrar que o governo está comprometido com uma agenda de reformas e segurando o aumento dos gastos, uma vez que não dá para aumentar muito a receita, já que a carga tributária é muito elevada hoje no Brasil.”

 

A longo prazo, diz Nakabashi, isso vai ser fundamental para gerar mais confiança do mercado e fazer com que o governo tenha mais sucesso. “Quando a economia cresce, fica mais fácil gerar empregos, fazer redistribuição de renda e, assim, diminuir a pobreza.”

 

Via: Jornal da USP

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