Quarta, 20 Março 2013 19:40

Debate sobre Cotas e Pimesp na Faculdade de Medicina

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Na segunda segunda-feira (18), às 18 horas, o Centro Acadêmico Rocha Lima da FMRP realizou um debate sobre cotas e o Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Público Paulista (Pimesp).


Debateram o assunto a Professora Emérita de Antropologia da FFLCH, Eunice Durham, o presidente e fundador da ONG Educafro, frei David dos Santos e a idealizadora do Núcleo de Consciência Negra da USP, Jupiara de Castro.


Na audiência estavam presentes alguns poucos alunos e duas professoras da FEA-RP. A professora Eunice criticou o sistema de cotas raciais, questionou a autodeclaração de etnia e defendeu cursos de preparação para vestibulandos feitos pelas próprias universidades. Em sua apresentação, o frei David criticou as cotas para alunos do ensino público e defendeu as cotas étnicas como forma de reparação por parte do Estado. O frei também criticou a chamada "Meritocracia Injusta" e defendeu a proposta de colleges e o ensino à distância (EAD) em geral.


Já a funcionária da USP, Jupiara de Castro, para criticar as cotas para alunos provenientes de escolas públicas, falou sobre a diferença de qualidade que existe entre escolas centrais e de periferias, bem como entre as escolas de cidades do interior e da capital. Para ela, que defende apenas cotas étnicas, a questão da separação racial existe em toda a sociedade e também nas universidades, que são um reflexo da sociedade.


A professora Valquíria Padilha, do departamento de Administração da FEA-RP, assistiu ao evento junto com a professora Maria Lúcia Lamounier, do departamento de Economia. Valquíria é crítica do Pimesp e da EAD, que é o modelo proposto para o Instituto Comunitário de Ensino Superior (ICES), os chamados colleges. "A ideia de que é preciso ter um ciclo antes da universidade é uma esmola desnecessária", afirma. Ela não questiona o fato de que é preciso melhorar o ensino fundamental e o ensino médio, mas afirma que esse argumento não pode ser desculpa para fechar a universidade pública aos excluídos. "A verdade é que a USP não está aberta aos negros da mesma forma que está aberta aos brancos. Raça negra e pobreza estão bastante vinculadas e, assim, a USP está fechada para negros e pobres da mesma maneira.", afirma.


Para o aluno Tiago Xavier, um dos representantes do CAFCF que esteve no evento, o Pimesp, embora tenha uma boa base de dados, não é bem fundamentado para resolver de fato o problema. Tiago defende as cotas e não acredita que com o ingresso dos cotistas a qualidade do ensino na USP venha a baixar. "Os números da apresentação do frei David sobre o desempenho de cotistas na UnB revelam que os cotistas têm mostrado maior aproveitamento escolar", completa.

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