Terça, 12 Mai 2020 11:12

Etanol e açúcar enfrentam grandes quedas de preços

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Nos últimos meses, todas as commodities apresentaram queda ou estabilização de preços em função do desaquecimento da economia no mundo. O açúcar foi uma das que tiveram a maior redução, uma consequência da forte expansão da oferta, aumento dos estoques no mercado global e, mais recentemente, devido aos efeitos da pandemia.

 

Os dados são do Boletim Sucroalcooleiro de abril de 2020, dos pesquisadores Francielly Almeida e Marcelo Lourenço Filho, coordenados pelo professor Luciano Nakabashi, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP.

Entre junho de 2019 e fevereiro de 2020, o preço do etanol hidratado teve alta de 28,3%, tendência que se reverteu a partir de março: até a primeira quinzena de abril, a queda do preço o combustível foi de 36,5%, um reflexo da menor demanda diante das medidas de isolamento. Os preços do etanol estão próximos aos custos de produção e algumas usinas do Centro-Sul estão vendendo o início da produção da safra 2020/21 com uma margem negativa.

 

O cenário para a produção de petróleo não é diferente. A tendência de queda vinha desde dezembro de 2019 em razão dos conflitos entre países produtores e pela menor demanda mundial em virtude da pandemia do coronavírus. No mês de março, o barril fechou cotado a US$32,20 no mercado mundial, queda de 51% em relação ao ano anterior.

 

Em abril porém, esta tendência se intensificou de modo a impor uma queda histórica ao mercado de petróleo: no dia 20, o petróleo tipo West Texas Intermediate (WTI), o mais comercializado nos Estados Unidos, fechou com preço negativo de US$ -37,63/barril.

 

Existem motivos para a vigência de um preço negativo, mesmo que por um momento curto: nesta situação, compradores, investidores e especuladores estão dispostos a pagar para se livrar de barris de petróleo ou para se livrar de compromissos financeiros atrelados ao produto.

 

Preço do Petróleo - Tipos WIT e Brent (US$/barril)

gráfico

 

Tal acontecimento raro reside na conjunção de três fatores: o enfraquecimento da demanda mundial como reflexos da pandemia do coronavírus, os estoques mundiais se encontram em níveis históricos e que a oferta de petróleo é relativamente inelástica no curto prazo.

 

"Isto significa que, mesmo sob variações abruptas de preço, os produtores não podem promover cortes significativos na produção sem incorrerem em custos elevados. Como parar a produção é custoso, uma alternativa é estocar o petróleo produzido".

 

Por: Leonardo Rezende, Assessoria de Comunicação da FEA-RP.

Lido 1369 vezes Última modificação em Sexta, 15 Mai 2020 08:21