Estoques de empregos por setores econômicos tem apresentado destaque de crescimento no Brasil
No presente boletim do Mercado de Trabalho, realizamos uma análise dos resultados do estoque de emprego nos principais setores econômicos. Os dados regionais foram divulgados pelo Novo CAGED de janeiro de 2020 até junho de 2024. Para análise dos municípios paulistas e região metropolitana de Ribeirão Preto, os dados foram coletados na RAIS (Relação Anual de Informações Sociais) nos anos de 2007, 2012, 2017 e 2022.
Na Tabela 1, é possível observar que no Brasil, entre 2020 e 2024, o setor de construção civil foi destaque de crescimento em empregos formais, com 39,92%. Esse desempenho é resultado da retomada de obras e projetos de infraestrutura, além de incentivos governamentais e à recuperação da economia pós-pandemia, que aumentaram a demanda por novos empreendimentos imobiliários e obras públicas. Considerando o emprego formal, em termos de crescimento percentual, em seguida aparecem a indústria extrativista (25,7%), informação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (24,18%), agricultura (22,32%) e serviços (18,90%). A indústria extrativista cresceu devido ao aumento da demanda global por recursos naturais, como petróleo e minerais, além da recuperação econômica pós-pandemia.
Na Tabela 1, notamos que o setor de serviços é aquele que possui mais empregados no país. Ele inclui vários segmentos como saúde, educação, serviços de tecnologia e turismo, que são essenciais para a economia e o cotidiano da população. Além disso, o crescimento urbano e o aumento da demanda por serviços especializados impulsionam a criação de empregos no setor de serviços.
A Tabela 2 representa os dados percentuais que cada setor ocupou no total de estoque de empregos em janeiro/2020 e junho/2024. O setor de serviços ocupa, aproximadamente, metade do estoque gerado em ambos os períodos, 48,53% e 57,70%, respectivamente. O setor de comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas, além do setor de informação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas também apresentam destaque no estoque de empregos. Vale ressaltar que existe dupla contagem entre os setores analisados, já que subsetores estão contidos dentro dos grandes setores da economia. Por exemplo, a indústria extrativista está contida dentro da indústria geral, logo, deve-se entender esses dados somente como a porcentagem do total¹. Há também um ganho percentual de todos os setores mostrados. Isso ocorre porque existem setores que foram excluídos da análise, e aqueles que foram excluídos perderam participação.
Os dados apresentados na Figura 1 mostram os estoques de emprego na Região Metropolitana de Ribeirão Preto (RMRP), no município de Ribeirão Preto e no estado de São Paulo, para a indústria e construção civil, entre 2007 e 2022. Nela, percebemos uma clara retração na participação do emprego da indústria nas três regiões analisadas, assim como uma menor participação da indústria no emprego formal no município de Ribeirão Preto em relação ao estado e à RMRP, em todos os períodos analisados, mostrando que a indústria não é uma das vantagens competitivas do município.
Considerando a construção civil, a Figura 1 traz uma oscilação na sua participação no emprego formal total no período analisado, mas com participações não muito distintas no início e final do período, ou seja, em 2007 e 2022. As três regiões analisadas mostram que não há muita diferença entre elas na participação do emprego formal da construção civil no emprego total. Adicionalmente, Ribeirão Preto tinha uma participação maior no emprego da construção civil em 2007 e 2012 em relação as duas outras regiões, atingindo uma participação mais próxima das outras regiões em 2017 e 2022. Esse fenômeno pode indicar uma mudança na dinâmica do setor da construção civil em Ribeirão Preto, onde ocorreram grandes lançamentos entre 2007 e 2012, com posterior queda devido a estoques mais elevados.
Na Figura 2 estão os resultados do emprego formal para a indústria e construção civil, considerando o mesmo período, mas para os municípios de São Paulo, Sorocaba, Campinas e São José dos Campos. Os dados para Ribeirão Preto são apresentados novamente para fins de comparação. Na Figura 2 estão os percentuais colocados de forma explícita para São José dos Campos, Sorocaba e Campinas. Não colocamos de Ribeirão Preto por já estar na figura anterior e de São Paulo por questão de espaço. Na Figura 2, também é evidente a queda de participação da indústria nos cinco municípios apresentados. Notamos, ainda, a relevância da indústria em Sorocaba, São José dos Campos e, em menor medida, em Campinas.
Esses municípios, que ficam no entorno da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), começaram a receber a indústria que anteriormente tinha como destino a capital do estado ou sua região metropolitana devido a problemas como congestionamento, restrições de movimentação de veículos pesados, elevados preços de terrenos e aluguéis, além de mão de obra mais cara. De qualquer forma, nos municípios analisados, a queda da participação da indústria no emprego formal em apenas 15 anos é considerável. O maior destaque de queda foi para São José dos Campos, passando de 31,46%, em 2007, para 19,31%, em 2022.
Em relação à construção civil, há certa oscilação na participação desse setor no total de empregos formais, com tendência de queda para Sorocaba e São José dos Campos, entre 2007 e 2022. Como na figura anterior, não há uma diferença relevante entre os diferentes municípios no que diz respeito à participação da mão de obra da construção civil no total dos empregos formais, que tende a ficar em torno de 5%, nos municípios analisados.
Na Figura 3, percebemos que a participação do emprego do comércio no total do emprego formal é maior em Ribeirão Preto, seguido pela RMRP e pelo estado paulista, o que mostra a importância do comércio em Ribeirão Preto, visto que ele atende outros municípios da RMRP. A participação, nas três regiões analisadas, ficou relativamente estável no período. Em relação ao setor de serviços, ainda na Figura 3, notamos a sua importância em Ribeirão Preto, ainda mais quando comparado à RMRP. Isso ocorre porque, além do comércio, Ribeirão Preto também é um polo de serviços, atendendo aos municípios da RMRP e de municípios que vão além de sua região metropolitana. Em relação à média do estado, não há um grande destaque para Ribeirão Preto, mas isso ocorre por que a capital do estado puxa a média do setor de serviços para cima devido a sua grande relevância, como pode ser verificado na Figura 4.
Na Figura 4, temos a participação do emprego formal nos setores de comércio e serviços nos municípios de Ribeirão Preto, São José dos Campos, São Paulo, Sorocaba e Campinas. No setor de serviços, notamos a grande importância que esse setor possui na capital paulista, atingindo, em 2022, 70% de todo o seu emprego formal. Essa relevância da capital do estado no setor de serviços é decorrente de sua importância como grande centro de negócios e por atender demandas por serviços especializados que vão muito além de suas fronteiras geográficas e mesmo do estado. Notamos que Campinas também é um grande centro de serviços, mesmo estando próximo a capital do estado. Sorocaba é o município analisado com menor participação do setor de serviço, mesmo com uma população semelhante à de Ribeirão Preto. Isso ocorre porque Sorocaba fica perto de municípios relevantes que possuem o setor de serviços bem desenvolvido, como Campinas e a própria capital do estado.
Ao contrário do que ocorre com a indústria, o setor de serviços vem ganhando participação em todos os municípios analisados, assim como na média do estado de São Paulo. Esse fenômeno é algo que ocorre em outros países e é decorrente de uma sociedade que tem buscado, cada vez mais, serviços que são mais personalizados a cada preferência individual, em detrimento da demanda pelos bens provenientes da indústria que são mais padronizados. Em relação ao comércio, os dados apresentados nas Figuras 3 e 4 mostram certa
estabilidade do setor em termos da participação no emprego formal, sendo que há um pequeno destaque do setor em Ribeirão Preto e Sorocaba, dentre os municípios analisados e em relação à média do estado.
As Figuras 5 e 6 trazem a participação do emprego da agropecuária no total do estado, nas regiões analisadas anteriormente, considerando os anos de 2007, 2012, 2017 e 2022. A Figura 5 mostra que a agropecuária possui uma porcentagem muito baixa no total de empregos formais no estado de São Paulo, sendo que a sua relevância é mínima no município de Ribeirão Preto. Por outro lado, relativamente a média do estado, o emprego formal da agropecuária possui participação relevante no emprego total da RMRP, mostrando a importância do setor nessa região.
Considerando os resultados apresentados na Figura 6, notamos a pequena relevância da agropecuária em Ribeirão Preto, Sorocaba, Campinas, São José dos Campos e na capital paulista. Por serem municípios maiores e mais desenvolvidos economicamente, os setores de serviços e industrial acabam tendo maior relevância na geração de valor agregado e, dessa forma, na geração de emprego nesses municípios.
Na Figura 6, notamos que mesmo com uma participação baixa do emprego agropecuário em Ribeirão Preto, ele se destaca como o que tem maior participação entre os municípios analisados. Por fim, as Figuras 5 e 6 mostram que a participação do emprego agropecuário vem caindo em todos os municípios e no estado de São Paulo, entre 2007 e 2022.
Por: Centro de Pesquisa em Economia Regional (Ceper) da Fundace.