O Brasil iniciou o ano com uma boa criação de empregos formais, com um saldo de 137 mil vagas em Janeiro de 2025. A Figura 1 apresenta o saldo acumulado em 12 meses, onde notamos que o país teve forte recuperação do emprego após o início da pandemia de Covid-19, chegando a criar mais de 2,7 milhões de vagas líquidas entre setembro de 2020 e agosto de 2021. Desde o início de 2024, o saldo acumulado em 12 meses tem oscilado em torno de 1,5 milhão de vagas, o que mostra que o mercado de trabalho tem permanecido relativamente aquecido após a recuperação que ocorreu após o impacto inicial da pandemia no mercado de trabalho do país.
Na Figura 2, percebemos a importância do setor de serviços na criação de vagas de trabalho brasileiro. Enquanto o país vem gerando em torno de 1,5 milhão de vagas formais líquidas (ou saldo) nos últimos meses, aproximadamente 1 milhão é decorrente das vagas geradas no setor de serviços. Também percebemos a importância do setor de serviços na recuperação após o choque inicial da pandemia sobre o mercado de trabalho, em 2020. Assim como em outros países, o setor de serviços no Brasil é o grande gerador de vagas e de valor agregado.
A Figura 2 ainda mostra a relevância do comércio na geração líquida de vagas (ou saldo) formais de trabalho. Vale destacar que as vagas geradas no comércio não estão contidas nas vagas do setor de serviços. Portanto, ao longo de 2024, a geração líquida de vagas dos dois setores, no acumulado em doze meses, ficou em torno de 1,3 milhão. Em seguida, aparece a indústria, onde é perceptível a recuperação na geração de vagas ao longo de 2024, terminando o ano com vagas geradas em quantidade similar ao comércio, em torno de 300 mil vagas cada setor, em 2024. A construção civil aparece em seguida, mas com clara desaceleração ao longo de 2024. O setor terminou 2024 com um saldo positivo um pouco maior do que 100 mil vagas.
Considerando dados do IBGE, o bom desempenho, em 2024, é decorrente da performance da indústria de transformação, que cresceu 3,8% e foi puxada pela alta na fabricação da indústria automotiva e de equipamentos de transporte, máquinas e equipamentos elétricos, além de produtos alimentícios e móveis (Metrópolis, 2025). Dessa forma, o aumento da renda das pessoas decorrente do mercado de trabalho aquecido teve efeitos significativos sobre os produtos industriais, além do próprio crescimento de determinados setores empresariais que estimularam a venda de máquinas e equipamentos.
A Figura 3 mostra a evolução do saldo de empregos formais, no acumulado em 12 meses, em Ribeirão Preto e alguns dos principais municípios em seu entorno. O movimento do saldo de emprego em Ribeirão Preto é semelhante ao que ocorreu no Brasil, no período analisado. Após o impacto inicial da pandemia de Covid-19 ocorreu sensível melhora no saldo de vagas formais, com queda nos meses subsequentes, e certa estabilidade a partir do segundo semestre de 2023, com saldo em torno de 6 mil vagas, no acumulado em 12 meses.
A Figura 2 mostra ainda que São Carlos, Araraquara e Rio Claro tiveram boa recuperação após o efeito inicial da pandemia da Covid-19, mas com queda contínua no saldo, ficando com geração muito baixa, no acumulado em 12 meses, ao longo de 2023, mas com recuperação a partir do final de 2023 e ao longo de 2024. Após Ribeirão Preto, esses foram os três municípios que mais geraram vagas líquidas em 2024. Sertãozinho, após o impacto inicial da pandemia, ficou com um saldo em torno de três mil vagas, em 12 meses, durante quase todo o período, fazendo com que ele ficasse à frente de São Carlos e Araraquara em determinados períodos, mesmo com uma população significativamente menor.
Sertãozinho terminou 2024 na quinta colocação, mas com saldo próximo ao dos três municípios citados anteriormente, ou seja, São Carlos, Araraquara e Rio Claro. Esse desempenho de Sertãozinho destaca o bom momento pelo qual o município passa, visto que os preços do etanol e açúcar ficaram em patamares relativamente elevados, dinamizando toda a cadeia da cana-de-açúcar e, consequentemente, a economia do município que é um importante polo produtor de máquinas e equipamentos para o setor. Bebedouro apresentou movimentos significativos na geração de vagas, no período analisado, enquanto Taquaritinga, Jaboticabal e Cravinhos pouco se destacaram na geração líquida de vagas de trabalho em relação aos demais municípios, em parte porque são municípios menores, mas que também apresentam menor dinamismo econômico.
A Figura 4 traz a evolução no saldo de empregos em 12 meses para Ribeirão Preto e municípios de porte semelhantes do interior do estado de São Paulo ou próximos a ele. Além de Ribeirão Preto, os municípios são Londrina, Piracicaba, Santos, São José do Rio Preto, São José dos Campos, Sorocaba e Uberlândia. Na Figura 4, percebemos a forte recuperação de Ribeirão Preto, Uberlândia e Sorocaba logo após o impacto inicial da pandemia de Covid-19. No entanto, Ribeirão Preto passou a gerar empregos líquidos em 12 meses próximo da média que os outros municípios estavam gerando, a partir de meados de 2023.
Sorocaba terminou 2024 como o município com maior saldo na geração de empregos, com São José dos Campos na segunda colocação. Isso se deve, pelo menos parcialmente, pelo forte peso da indústria nesses dois municípios. Na Figura 2, percebemos o crescimento da geração de empregos no setor industrial ao longo de 2024. Por outro lado, Uberlândia terminou na última colocação na comparação desses oito municípios.
Relativamente aos outros oito municípios, Uberlândia tem uma importante participação da agropecuária em sua PIB, assim como da agroindústria, o que pode explicar o seu relativo fraco desempenho, ao longo de 2024. De acordo com dados das contas regionais do IBGE, em 2021, o PIB da agropecuária de Uberlândia foi de R$ 921 milhões, enquanto de Ribeirão Preto foi de R$ 120 milhões, Sorocaba de R$ 43 milhões e São José dos Campos de R$ 25 milhões, por exemplo. Na Figura 2, notamos o fraco desempenho da agropecuária na geração de empregos. Adicionalmente, de acordo com dados do IBGE, a agropecuária sofreu retração de 3,2%, em 2024, o que também acaba afetando o desempenho da agroindústria brasileira.
Por: Centro de Pesquisa em Economia Regional (Ceper) da Fundace.
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