Sexta, 15 Março 2024 15:14

Brasil tem quedas notórias nos saldos acumulados de admissões em dezembro de 2023 em comparação com o ano passado

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Desde janeiro de 2020, o Sistema do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) foi substituído pelo Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas (eSocial) para parte das empresas. Assim, o denominado Novo Caged é a geração das estatísticas do emprego formal por meio de informações captadas dos sistemas eSocial, Caged e Empregador Web. 

Os resultados comparativos dos meses de dezembro de 2022 e 2023 do Novo Caged, com ajuste sazonal, evidenciam um saldo menor de admissões no âmbito nacional, tendência que ocorre desde janeiro. Considerando o país como um todo, houve geração líquida de mais dois milhões postos formais de trabalho em 2022, com criação líquida de quase um milhão e meio de postos formais em 2023. Apesar do resultado expressivo em 2023, a queda em relação ao anterior foi de, aproximadamente, 30%. A queda é generalizada em todas as regiões do país e em quase todos os estados da federação, mostrando alguns efeitos do ambiente macroeconômico, com ênfase nos juros elevados. O destaque negativo ficou para a região sul do país, com queda de 56,35% no saldo de vagas de emprego no acumulado de 2023 (até dezembro) em relação ao mesmo período de 2022. 

A região com menor redução no saldo de novas vagas de emprego formal foi o nordeste do país, inclusive com alguns estados apresentando elevação na geração líquida de vagas, como Rio Grande do Norte (15,9%) Piauí (27,22%), Sergipe (29,67%) e Alagoas (52,06%). Por outro lado, as retrações mais significativas ocorreram no Rio Grande do Sul (-53,7%), Santa Catarina (-46,90%) e Maranhão. 

Tabela_1__Saldo_de_Empregos_Formais_-_Estados_e_Regiões_Janeiro_a_Dezembro.png

No estado de São Paulo, o acumulado anual de 2023 foi de 390.719, muito inferior a 2022, que ficou em 595.984, evidenciando uma queda no saldo acumulado de 34,4%, ficando próximo da queda de geração de vagas líquidas registrada na economia brasileira.

Na Figura 1, notamos o saldo de empregos formais na Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura. Nesse setor econômico, ocorreu uma queda na contratação líquida entre os meses de março, abril, outubro, novembro e dezembro em todos os anos, o que está relacionada aos períodos de safra. Nela, notamos que não há diferenças muito relevantes na criação de empregos entre 2020 e 2023, sendo o setor menos afetado pela pandemia de Covid-19. 

Figura_1_Saldo_de_empregos_formais_-_Agricultura_pecuária_produção_florestal_pesca_e_aquicultura.png

 

Na Figura 2, notamos que a menor contratação no setor da construção ocorre nos meses de novembro e dezembro. Adicionalmente, percebemos os efeitos da pandemia em 2020, sobretudo nos meses de março, abril e maio, mas com posterior recuperação. Notamos, ainda, que 2023 foi um ano mais fraco em termos de contratações líquidas no setor da construção. 

Figura_2_Saldo_de_empregos_formais_-_Construção.png

 

Na Figura 3, notamos que a indústria tende a apresentar demissões líquidas em novembro e dezembro, pois produzem mais em meses anteriores para as vendas de final de ano, sobretudo entre julho e setembro, com desaceleração da produção nos últimos meses do ano, gerando demissões líquidas em novembro e, sobretudo, em dezembro. Na Figura 3, também é perceptível o efeito da pandemia em 2020, sobretudo nos meses de março a junho, mas com posterior recuperação. Em abril de 2020, ocorreu uma impressionante destruição líquida de 216.258 vagas formais de trabalho. Notamos, ainda, que 2023 foi um ano mais fraco para o setor em relação aos anos anteriores, sobretudo a partir de maio. 

Figura_3_Saldo_de_empregos_formais_-_Indústria_geral.png

 

Na Figura 4, notamos que 2023 também foi um ano mais fraco, sobretudo a partir de maio, no setor de comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas. No setor, os meses mais fracos são os de dezembro e janeiro, onde ocorrem as demissões de parte das contratações que são realizadas em novembro devido às maiores vendas do comércio no final do ano. Na Figura 4 também é perceptível a queda na geração líquida de empregos entre março e junho de 2020 em decorrência da pandemia de Covid-19.

Figura_4_Saldo_de_empregos_formais_-_Comércio_reparação_de_veículos_automotores_e_motocicletas.png

 

Por fim, o setor de serviços, o maior empregador em nosso país, com os dados apresentados na Figura 5, indica a ocorrência de menores contratações líquidas em 2023, sobretudo a partir de maio em relação aos anos de 2022 e 2021. Os resultados da figura também deixam evidente o grande impacto da pandemia na geração de vagas do setor, que foi impactado por um período mais longo que os demais setores da economia em 2020. O nível de geração líquida de empregos foi menor entre março e setembro de 2020 em relação aos anos posteriores (2021, 2022 e 2023). 

Figura_5_Saldo_de_empregos_formais_-_Serviços.png

 

Na Tabela 2, fica evidente o efeito da pandemia na geração de vagas formais de trabalho e que o setor de serviços foi o mais afetado decorrente de suas peculiaridades em alguns de seus segmentos, como viagens e lazer, por exemplo. Também notamos grandes efeitos na geração de empregos na indústria, construção e comércio decorrentes da pandemia. Na Tabela 2 ainda é evidente que a criação de empregos formais vem se desacelerando em todos os setores da economia brasileira, com menor geração de vagas líquidas em 2022 em relação a 2021, além de 2023 quando comparamos com 2022. No entanto, cabe salientar que a geração de vagas em 2021 foi especialmente boa em parte pela compensação da destruição de vagas em 2020.

Tabela_2__Geração_de_emprego_formal_por_setor.png


Na Tabela 3, notamos que o resultado líquido na comparação anual de 2022 e 2023 foi negativo na Região Metropolitana de Ribeirão Preto (RMRP), com uma queda percentual de 17,9%. No município de Ribeirão Preto, o saldo acumulado anual em 2023 foi de 6.178 vagas. Em 2022, o saldo de empregos foi de 11.615, o que representa uma retração de 46,81%, ficando pior em relação às médias do estado e do país. Ainda na Tabela 3, notamos que os municípios de Barrinha, Cássia dos Coqueiros, Guariba, Guatapará, Jaboticabal, Morro Agudo, Pradópolis e Tambaú foram os municípios da RMRP que experimentaram elevação no saldo de empregos em 2023 em relação a 2022. Além de Tambaú, os destaques positivos mais consideráveis foram Barrinha (978,78%), Guariba (139,24%) e Cássia dos Coqueiros (178,09%), mostrando uma dinâmica distinta daquela apresentada no país e no estado paulista. Os demais municípios apresentaram queda no saldo de novos empregos, com destaque negativo para Dumont (-175,4%), Cravinhos (-88,3%), Sales de Oliveira (-85,71%), Jardinópolis (-81,12%), Monte Alto (-76,12%), Santa Cruz da Esperança (- 71,56%) e Taquaral (-71,01%).

Tabela_3__Acumulados_na_RMRP_e_seus_municípios_Janeiro_a_Dezembro.png



Por: Luciano Nakabashi e Rudinei Toneto Jr., FEA-RP.

Lido 248 vezes Última modificação em Sexta, 15 Março 2024 17:02